quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Reflexão... Fiéis Defuntos

Fiéis Defuntos - 2009


Caros irmãos,


Há quem chame aos cemitérios, a terra da verdade! Junto à pedra do sepulcro, embatemos no muro frio e duro… das grandes razões da nossa vida. Este mês de Novembro põe-nos diante da fronteira, que um dia, todos havemos de atravessar. Alguns dos que mais amamos e com quem mais vivemos, atravessaram já essa fronteira. É, por isso, que o perfume das flores e a luz das velas… espalham um odor de saudade!

Acabámos há pouco as colheitas e as vindimas! E não foi pelo facto de termos cortado o milho e o cacho de uvas que o milho morreu ou a uva secou! Não! Cortados, amassados e triturados… tornaram-se pão e vinho! Isto é, tornaram-se Vida do Homem Bebida e alimento para a vida da humanidade! Também, por comparação idêntica, meditemos que não é pelo facto de amigos, familiares, parentes e qualquer crente ter morrido… que morreram ou secaram… Não! É por eles que nós estamos hoje aqui! Em Cristo… e… em nós, eles todos estão presentes! Eles já na eternidade e nós caminhando na fragilidade desta vida!

Por isso, sabendo-nos nós em comunhão com eles, afirmamos hoje a nossa fé na ressurreição; e na certeza de que a morte não é o fim nem a pedra do sepulcro.

Neste dia da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, lembramos todos os que já morreram. Hoje, fazemos lembrança de todos, sem excepção! Afinal, a vida e a morte são herança comum de todos! E por todos, então, damos graças a Deus neste sacramento da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, que é a Eucaristia. Isto é, celebramos em acção de graças a morte porque acreditamos na ressurreição. Há momentos escutamos o evangelista S. João a dizer que a vida eterna é o efeito, não de «acreditar» em Jesus, mas de «comer» a sua carne, ou seja, ter a vida eterna é estar em união com Jesus. Assim, nós comemoramos os Fiéis Defuntos porque acreditamos que, embora tenham morrido, eles acreditavam em Cristo, como nós, e hoje, por isso, apesar de mortos, vivem! Pois, como dizia Jesus no Evangelho, «quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna».

Caríssimos, se é digno e justo rezar pelos mortos, «mais meritório e digno para a vida futura é uma vida animada por uma fé comprovada, em que resplandece a caridade manifesta por boas obras» (mencionou D. José Pedreira, Bispo da Diocese de Viana). Já o Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, afirmou que a comemoração litúrgica dos Fiéis Defuntos é como «uma ocasião para reavivar a fé». «Rezamos e agradecemos a vida das pessoas falecidas e, tomando-os como exemplo, é necessário que não se tenha a tentação de saborear apenas o momento presente»…

Assim, hoje celebramos a vida e não propriamente a morte; celebramos a esperança e não o desespero. O dia de hoje deve ser: um dia de comunhão, de oração, dia de caridade, de esperança e gratidão ao Pai, dia de meditação (sobre o sentido da vida e da morte), e dia de conversão.

Que esta celebração da Eucaristia, seja sinal de uma solidariedade cheia de esperança com todos os mortos. Rezemos por eles e com eles, sentados à mesma mesa da Eucaristia, numa comunhão que instaure e restaure o homem, na plenitude da vida, do Amor e da Paz.


Diácono PAULO SÁ

02.11.2009

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