segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Homilia... III Tempo Advento - C

III Domingo Advento C


Caros irmãos,



O tema deste III Domingo do Advento gira à volta da pergunta. “E nós, que devemos fazer?” A resposta a esta questão repete-se nas leituras: “alegrai-vos”.


“Alegrai-vos sempre no Senhor”, porque o “ Senhor está próximo!” (em aramaico, “Marana-tha”, que significa ainda “vem, Senhor!”. O autor da carta, S. Paulo, grita de alegria (apela) aos ouvidos dos cristãos de Filipos (Filipenses 4, 4-7…escutamos na 2ª leitura). Paulo, o apóstolo dos gentios, exorta os seus destinatários a cultivarem a alegria e a paz, convidando ainda, os filipenses, a confiarem no apoio e na companhia do Senhor. Tenhamos atenção que esta recomendação, de alegria, de S. Paulo, surge num momento em que os cristãos eram perseguidos e ele próprio estava na prisão.


O salmo responsorial antecipa e celebra a vida, ele reforça o motivo da alegria (“Povo do Senhor exulta e canta de alegria”).


E, na 1ª leitura, o Profeta Sofonias (3, 14-18) mantém alta a tonalidade festiva: “Rejubila, filha de Sião!,/ Solta gritos de alegria, Israel!”,/ “porque o Senhor está no meio de Ti!”. Também este intenso convite é para nós, hoje, e deve ser vivido por nós, hoje e aqui, reunidos em assembleia litúrgica festiva, que confessamos uma e outra vez: “Ele está no meio de nós!”

É por isso que essa alegria reflecte-se também neste dia, o “Domingo laetare”, e de forma especial, na cor dos paramentos – “cor de rosa”.


O Evangelho, hoje proclamado, pertence à secção que Lucas consagra à pregação de João Baptista. Encontramos duas interpelações fundamentais: a primeira concretiza-se na pergunta “E nós, que devemos fazer?” e consequente resposta de Jesus; a segunda diz respeito ao anúncio de Cristo feito por João, ele que anuncia a “alegria” pelo Salvador que vem, mas está preocupado com as acções das pessoas.

João Baptista faz um grande apelo à “conversão”, apresenta o caminho da conversão, que garante a alegria e aponta 3 atitudes concretas (ensinamentos) para quem quer fazer essa experiência: às multidões (povo), Solidariedade e partilha com os necessitados: “quem tem 2 túnicas... comida...reparta”; aos publicanos, honestidade e justiça, e aos soldados, que não exerçam a violência e o abuso do poder. O autor salienta ainda o anúncio a respeito de Cristo (vv. 15-18). Isto é, ele aponta, portanto, três caminhos para conseguir a alegria prometida para aqueles que acolhem o Cristo que vem:

- O Caminho da Solidariedade (partilha);

- O Caminho da Justiça;

- O Caminho da não-violência.

E aponta 3 maldições, para nos libertarmos (livrarmos): a ganância, a injustiça e o abuso do poder; realidades que estavam presentes no tempo de Jesus... e que continuam presentes ainda hoje...


O Advento é uma escola de esperança e, por isso, de alegria. Esta alegria fundamenta-se no Nascimento do Salvador, que vem trazer aos mais pobres e deserdados a esperança da felicidade plena. Esta alegria verdadeira não é a que vivemos de fora para dentro – roupas novas, prendas, lautos banquetes, bebidas espirituosas, caprichos satisfeitos, etc.; a alegria verdadeira é, sim, a que se vive de dentro para fora. Portanto, é a alegria de descobrir Jesus Cristo na fé, e fazer com que os outros o conheçam.

Estimados cristãos, há muitas manifestações de alegria que não são cristãs! Preparemos o Natal na alegria, mas na alegria verdadeira. Logo, preparemos um Natal cristão, e não um Natal pagão, ou comercial. Um Natal com Cristo no Centro e no fundamento da festa, e não nos detenhamos nos ornamentos, na figura mística do Pai-Natal, (ou na “Popota” e/ou “Leopoldina”), nos cartões de boas-festas, e noutras vertentes sociais e familiares que, embora louváveis, não passam de “roupagem” de alegria.

O Baptista indica o caminho para deixar encher o coração da verdadeira alegria: basta preparar a vinda do Senhor na própria vida mediante a partilha dos bens com os pobres e mediante a recusa de toda a forma de violência e opressão.


Então, que devemos fazer para preparar o caminho do Senhor? Preparemos pois o nosso coração para receber Jesus neste Natal e tenhamos presente que para encontrarmos esta verdadeira Alegria temos que partilhar o amor cristão com todos os homens. Conservemos sempre a alegria e vamos levá-la para a família, para o trabalho e a todos à nossa volta.

Alegremo-nos e o nosso coração estará em condições para O receber.


Assim seja!


Diác. PAULO JORGE

13.12.2009

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